“Doutor, a colonoscopia pode ser incompleta?” Isto me foi perguntado por um paciente incrédulo, há alguns dias, em meu consultório. “Sim“, eu respondi. “Ela pode ser incompleta e isso acontece mais frequentemente do que você imagina.” Depois, para tranquilizá-lo, expliquei que o exame que havia realizado comigo havia sido “mais do que completo”, e que qualquer médico competente na matéria, em qualquer parte do mundo, mesmo não compreendendo português, comprovaria minha afirmação, bastando, para isso, apenas olhar a documentação fotográfica anexada ao laudo de sua colonoscopia. Mas, “documentação fotográfica em colonoscopia” será matéria de um “post”, mais adiante.
Voltando ao tema em questão, a verdade é que, diferentemente do que a maioria das pessoas imagina, muitas colonoscopias realizadas em nosso meio, e no mundo inteiro, são incompletas, com segmentos variados do intestino grosso não sendo atingidos, portanto, não sendo observados. Como já escrito em outro “post”, esse exame é operador-dependente, portanto, a habilidade e a “expertise” do médico que o realiza fazem toda a diferença, muitos desses profissionais sendo muito ruins, mesmo. Isto é bastante preocupante porque a colonoscopia é considerada como teste padrão-ouro na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer colorretal, único câncer que pode ser prevenido dentre os quatro mais incidentes no nosso meio. Nos Estados Unidos (USA) é a segunda maior causa de morte por câncer.
Trabalho prospectivo publicado em revista médica internacional (GUT 2004; 53:277-283) demonstrou que apenas 56,9% de 9223 colonoscopias realizadas em centros médicos do Reino Unido tinham sido completas, dado perturbador.
Concluindo com uma situação extrema, o médico para a realização da colonoscopia deve ser escolhido de maneira bastante criteriosa, pois ele pode fazer a diferença entre a vida e a morte de um paciente.